Quando 2020 se iniciou nada fazia prever que o descalabro acontecesse, afinal o Benfica somou sete vitórias consecutivas e chegou ao jogo do Estádio do Dragão na liderança da I Liga, com sete pontos de vantagem sobre o FC Porto. Só que naquela noite de 8 de fevereiro as águias entraram em queda livre: viram esfumar-se a vantagem no campeonato, foram afastados da Liga Europa pelo Shakhtar Donetsk e perderam a final da Taça de Portugal com os dragões. Pelo meio foi despedido o treinador Bruno Lage, que tinha sido campeão na época anterior, ficando Nélson Veríssimo como técnico até ao final da temporada.
118,5 Milhões em Transferências
Com eleições no clube marcadas para outubro, Luís Filipe Vieira apostou tudo na sua reeleição e, em tempos de crise pandêmica e econômica mundial, abriu os cordões à bolsa. Fez regressar Jorge Jesus, que tinha acabado de ganhar quase tudo no Flamengo, e investiu 98,5 milhões de euros em novos jogadores, um recorde em Portugal.
Aliás, nunca nenhum clube português investiu tanto num só ano civil, pois além do montante astronômico gasto no verão é preciso juntar a contratação do alemão Julian Weigl em janeiro por 20 milhões de euros. Na prática, em 2020, o Benfica investiu 118,5 milhões de euros em reforços.
Pior só em 2008
Com a derrota na Supertaça contra o Porto o Benfica conta agora com 25 vitorias em 47 jogos no ano civil de 2020 contabilizando um total de 53% de jogos ganhos. Pior que estes dados só retrocedendo 12 anos até 2008 onde o Benfica de José Antonio Camanho e posteriormente de Chalana que apenas venceu 18 jogos em 45 disputados (40% vitorias), tendo ficado em quarto lugar na I Liga a 23 pontos do campeão FC Porto, caíram nas meias-finais da Taça de Portugal com o Sporting e nos oitavos-de-final da Liga Europa com o Getafe.
Para a época 2008/09, foi contratado o espanhol Quique Flores que na última jornada do ano deixava a equipa no primeiro lugar do campeonato, mas já eliminado da Taça da Liga e da Taça UEFA.
"Desastre" em Atenas foi o primeiro sinal
Com Vertonghen, Everton, Pedrinho, Waldschmidt e Darwin Núñez, o jogador mais caro de sempre do futebol português (24 milhões de euros), Jorge Jesus e o Benfica sofreram um duro golpe logo no primeiro jogo da temporada na Grécia, onde uma derrota diante do PAOK Salónica atirou a equipa para fora da Liga dos Campeões, impedindo o clube de fazer face ao enorme investimento realizado.
Os encarnados foram então obrigados a vender Rúben Dias ao Manchester City para equilibrar as contas e, em troca, receberam Nicolás Otamendi. Mas os jogos que seguiram ao "desastre" na Grécia até criaram a ideia de que a equipa de Jorge Jesus poderia estar a crescer, uma vez que somou sete vitórias consecutivas.
Só que as derrotas com o Boavista (0-3) fora e com o Sp. Braga (2-3) em casa desmentiram a fase ascendente da equipa e acentuaram os problemas defensivos, como provam o facto de nos últimos 13 jogos ter sofrido golos em nove partidas (só com Paredes, Lech Poznan, Vilafranquense e Gil Vicente é que ficou com a baliza a zeros).
Janeiro 2021 pode ser um período decisivo
O jogo da Supertaça com o FC Porto, em Aveiro, foi apenas o culminar de um ano errático que nem o regresso de Jorge Jesus conseguiu inverter. Para já, o Benfica já está fora da Liga dos Campeões e perdeu a Supertaça, mas ainda tem quatro objetivos intactos, pois ocupa o segundo lugar da I Liga a dois pontos do líder Sporting, na Liga Europa terá de medir forças com o Arsenal em fevereiro, na Taça de Portugal tem pela frente um duelo com o Estrela da Amadora e na Taça da Liga joga as meias-finais com o Sp. Braga.
O mês de janeiro de 2021 surge como muito importante para aquilo que será o resto da época 2020-21 do Benfica. É que terá pela frente as decisões da Taça da Liga e no campeonato vai fechar a primeira volta com visitas ao FC Porto e Sporting. Jesus tem poucos dias para melhorar uma equipa e, dessa forma, inverter o ciclo negativo que se abateu sobre a Luz em 2020.
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